Sobre os bons amigos

Ah... Os bons amigos... Talvez seja meio clichê compará-los a um bom vinho, mas é bem adequado. Porque realmente, ao passo que se escorre o tempo os verdadeiros amigos se tornam melhores a cada momento. Aliás, só o fato de eles decidirem envelhecer conosco, partilhando das manias e caduquices que adquirimos com a idade, é algo a se considerar.

E os bons amigos tornam-se com o passar dos anos nossos fãs, nossos bons exemplos, tornam-se nosso peso de equilíbrio, nosso livro ambulante de auto-ajuda, nosso pedacinho de terra a qual desejamos pisar após uma boa temporada navegando sobre ondas revoltas...

Eles são às vezes a voz da nossa consciência e nos alertam do que devemos ou não fazer. São outras vezes cúmplices de tolices juvenis ou até mesmo tolices juvenis tardias, que sabemos que um dia serão dignas de um falso arrependimento comparado a memória da euforia da prática desta dita tolice.

Eles são aqueles que pegaram de ti uma catapora, ou uma gripe, mas não desgrudaram de estar ao teu lado. São aqueles que cantarolaram alguma música tosca com você enquanto dirigiam até em casa. São aqueles que nos fazem sorrir inescrupulosamente porque acertam em cheio sobre o que achamos engraçado. São aqueles também que têm frases de efeito, que falam coisas duras e pesadas de vez em quando, mas paliativamente nos consolam e ajudam sobre o fardo. São, ainda mais, aqueles a qual o número do celular está sempre em demasia na sua conta telefônica. E até mesmo os amigos chatos, são necessários, é como se fossem aquele chiclete no sapato que de tão velho já não desgruda mais, e de uma maneira estranha de se agregar passa a pertencer ao próprio sapato e nós nos acostumados com ele lá (risos), vai entender...

Ah, os amigos, os bons amigos... Ainda se fazem deles como antigamente sim, e ainda há como eles durarem pra sempre, basta perceber a cada momento, que junto ao velho, jurássico, pré-histórico amigo, temos sempre dias novinhos em folha para aproveitar.