UM DIA...

Um dia levo-te a dançar num campo cheio de ar

Onde outrora germinavam searas ondulantes

Sem ninguém a ver-te vou pedir que cantes

Uma daquelas tuas baladas de encantar

Um dia levo-te aos becos da minha juventude

Onde uma laranja caída da árvore era um banquete

Nos tempos em que uma sanita era chamada de retrete

Onde ao longe se ouvia o choramingar de um açude

Um dia relembro-te a escolha dos trabalhadores

Naquela praça onde se postava a riqueza e a pobreza

Absurdamente camuflados pela nobreza

Insensível ao sofrimento e aos odores

Um dia reavivarás a tua desgastada memória

Abandonarás o convés onde refugiaste os teus sentidos

Chamarás à razão a época dos tempos perdidos

Um dia… um dia vou recontar-te a nossa história.

Ângelo Gomes

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 01/10/2010
Código do texto: T2531665