Seja sonho, filosofia, crença, seja o que for, mas certas previsões quando partem para o lado abstrato, intangível, abrem um leque de variadas interpretações, racionais ou pura fantasia, que às vezes chegam a comicidade ou as raias do absurdo. Preenchendo um tempo Vazio, não tinha nada pra fazer mesmo, fiz um apanhando de sonhos e textos que li nas mais variadas publicações, meu testamento apocalíptico, nada que venha me tornar um profeta, mas eu mesmo fiquei interessado em entender minhas próprias fantasias. Então:
Quando o sol se agigantar no horizonte, imponente, dez mil vezes maior que a dor do meu peito, que a dúvida da minh’alma, não haverá nuvens nem chuvas ao entardecer, as cabeças raspadas saberão que outro mundo chegou. As antigas mulheres e os novos homens serão todos iguais no apocalipse, serão, mas sem merecem. Já não falarão a língua dos antigos, ficarão mudos diante da verdade, do medo do nada, do inferno que se enxerga no mesmo espaço em que o céu passeia. Ao largo, todos os deuses pleitearão votos de confiança e um espaço para o próprio futuro, e do passado não guardarão lembrança, porque a salvação será promessa do passado. Um mundo cigano no universo invisível da fé. Quando o sol se fizer gigante diante de todos os pecados, a musica será fúnebre e o cortejo sem velas nem esperança. Já não existirão passarinhos nem a flores da primavera e as estrelas estarão guardadas sob o manto da luz extrema do rei maior, o sol nos cegará e a verdade não caberá num livro nem nas paredes de um templo qualquer.