TRÊS CONCLUSÕES

SOBRE O SENTIDO DAS PALAVRAS

Não há um só sentido nas palavras, a poesia ao longo dos séculos comprova isso.

A pequenez da conexão que fazemos das palavras com significados mais abrangentes é desoladora.

Há uma busca cega pela razão acima de qualquer coisa, razão que pode facilmente se apegar a um artefato qualquer.

Cada palavra carrega em si uma infinitude filológica e passional.

Enquanto não se aprender a interpretar algo segundo bases bem mais sólidas do que as utilizadas atualmente, tudo se manterá numa unifacetada existência, o que limita toda e qualquer evolução intelectual.

SOBRE O ÓDIO

A perdição, o gosto pelo abismo, a vontade de dilacerar a pele e encerrar a esperança com poesia.

A porta da sanidade se fecha, o que sobra? A liberdade de sumir.

Podemos sonhar, querer bem, e até, em acessos de loucura, querer estar bem. Mas tudo é tão inaceitável... até situações de aparente tranquilidade e felicidade, tornam-se monstros.

A dor de sentir empatia pelo bem e só ser rejeitado por assim ser, o carinho dedicado e logo ironizado, a alma pura que logo se vê cercada pela mediocridade. Tudo é fator contribuinte para se querer sumir.

Existem pessoas que não encontram qualquer lógica nos fatos, e ainda assim, se vêem obrigadas a aceitá-los. Isso é terrível.

Uma coisa costuma-se aprender quando se está sem saída: A fé, não no sentido religioso, mas a fé em uma nova fase, em um novo dia, é ela quem garante, enquanto existe, a continuidade da vida. É como uma vela, que persiste acesa, mesmo enquanto a tempestade já se anuncia próxima. Mas tanto a vela, quanto qualquer um, sabe que é uma questão de tempo para a chama se apagar. A escuridão é a natureza do mundo, e é nela que descansam os que não simpatizam mais com a luz.

SOBRE LUTAS

Uma políticagem aqui, uma políticagem ali, e Deus a vigiar os que acordam cedo para lutar. No final, as coisas se anulam, duas mentiras que não são capazes de gerar um momento sequer de paz.

E saiba! Não consumo meu tempo, roubam-me ele antes.

Das cartas que escrevo, só ganho sementes para a imaginação.

Deveria-se assassinar todos os poetas. É! Torturá-los e assassiná-los!

Ninguém deve tentar transfigurar o segredo da fragilidade humana para o mundo das palavras. Isso é um crime! É como esperar de um sonho, a dureza da vida.

Mas ao mesmo tempo tenho pena dos poetas... são tão imensos reservatórios de mágoas. Se não buscarem a evacuação do infeliz conteúdo, transbordam em dor, se degeneram.

Ao intelecto, resta sempre uma missão a cumprir, a de não deixar-se envolver pelo ópio, pelo veneno que lhe é intrínseco.

Há tanto a ser enxergado e compreendido, e não são coisas obscuras as que não se enxerga, elas são brilhantes como o metal polido! Mas há algum bloqueio não-natural, que nos faz pré-estabelecidos. O intelecto custa a morrer, mesmo quando mil espadas transpassam sua frágil materialidade.