Quantos anos você tem?

* Está aí uma pergunta que não sei responder. Acho que não há resposta certa ou precisa. Carrego dentro de mim tantas personalidades, diversas vontades e muitas idades.

* Tenho a imaginação de criança, aquelas sonhadoras e dispersas. Que não sabem desenhar muito reto ou colorir bem bonito, mas ainda assim não desiste de seus lápis de cores. Quer sempre inovar o roxo no preto achando que vai formar uma cor inédita. Sou infantil também nos meus medos, pavor de ficar no escuro, de ficar sem mamãe, de ganhar um galo na cabeça.

* E aí de repente eu cresço. Tenho uma seriedade para certos assuntos que quase não se vê nos jovens. Tenho um apreço pelo silêncio que é digno dos mais velhos. Lembro de meu avô sentado numa cadeira na varanda, imerso em suas reflexões, disperso ao relembrar sua vida que passou e está a passar. Também sou assim. Dou um valor imenso a quietude. Acompanho o céu como um desocupado, e também como um sonhador. Gosto muito das nuvens que se embaralham, gosto muito do sol que se esconde, da brisa que atinge meu rosto.

* Minhas vontades são de um aventureiro. De alguém no auge da vida. Talvez lá com seus vinte e cinco anos pronto para tudo e todos. Preparado para encarar qualquer desafio. E ainda assim, sou um pouco mais velho. Menina mulher que quer ser independente mas precisa da família me aconselhando, ainda dizendo como agir.

* E foi a mesma família que me tornou mais maduro. Fez-me enfrentar brigas e crises que eram mais do que podia suportar. E é carregando um fardo mais pesado do que seus ombros suportam, que você se torna responsável. Não tenho os mimos infantis, apesar de ter uma necessidade de carinho bastante oculta. E é como poeta medroso que lido com meus sentimentos, sempre escondendo, sempre repleto de dúvidas. Dúvidas nem tão triviais, longe de serem as mais importantes. De repente, minha mente muda totalmente de posição e se põe a preocupações mais urgentes. Como vou levar a vida e como vou encarar os desafios. Dúvidas traiçoeiras que oscilam entre a pré-adolescência, passam rapidamente pela fase adulta e logo descansa na terceira idade.

* Com meus amigos sou feliz. Sou feliz de um sorriso sincero. Coisa que eu não sei determinar idade porque varia de ser em ser. Mas também sou carente, que nem um bebê precisa de seu leite para reconforto eu preciso das palavras amigas.

* Minha aparência é juvenil. Se analisarmos só os traços nunca chegaremos em minha idade real. Sempre sou julgado mais jovem. Se olharmos com mais atenção - analisando o aspecto também não chegaremos ao número exato de anos que vivi. Sempre sou julgado mais velho.

* Dezoito anos? Só no documento, um papelzinho muito mentiroso. Porque de resto - na verdade - sou criança, sou adulto, sou mistura disso tudo.

Priscila Silvério
Enviado por Priscila Silvério em 16/10/2010
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