NO TEU OMBRO...
No teu ombro escondo e disfarço o meu cansaço
Me refugio de tempestades frias e ocasionais
Suspendo acções, afazeres e tudo o mais
Para me entregar ao sentir do teu abraço
No teu ombro verto e enxugo o meu pranto
Roçando as faces por todo o teu tecido
Esperando no final jamais ter esquecido
As tuas palavras que foram o meu manto
No teu ombro anulo o ónus da turbulência
Acalmo o sangue irracional que me invade
Afasto de mim a nociva outra metade
Que me perturba o bem-estar e a essência
São os momentos em que saio do escombro
Aqueles em que me instalo no espaço da ternura
Como em tudo da vida o efeito não perdura
Mas guardo sempre a memória do teu ombro.
Ângelo Gomes