EXISTO...
Existo… sei que existo porque me sinto viver
Porque sinto o prazer fresco das madrugadas
Porque dos nadas consigo compor o todo
Porque do lodo consigo chegar à superfície
Existo, porque penso mesmo adormecido
Alegre, sentido, perplexo, sei que existo
E persisto em depositar no peito os meus algozes
Átomos ferozes dos sonos intranquilos
Existo, porque sinto o sangue correr-me nas veias
Porque decifro as teias que me envolvem
Que me dissolvem mas me mantêm vivo
Porque me sirvo delas para dizer que existo.
Escrevo de olhos fechados os meus temas
Quais dilemas de um labirinto apenas meu
Mas por mais que se inventem estratagemas
De corpo e alma me apresento e sou EU.
Ângelo Gomes