Estupro auditivo

Às vezes eu sinto que minha alma está incrustada com opiniões e gostos de décadas ou até mesmo séculos atrás.

Sou daquelas que gosta de sentir a melodia, que chora à execução de uma música que nada mais é do que pura poesia, que se sente levitar ao som de quarteto de cordas.

Ah ...boa música. Temos que peneirar muito se quisermos encontrar , hoje, música de qualidade. Tal façanha não é impossível, porém música boa não é tão vendável quanto os “hits” que propagam: “ A por.. da buc.. é minha, é minha, é minha...”

Tudo bem ...a por.. da buc...pode ser dela, mas não é do interesse coletivo o que ela faz ou deixa de fazer. Eu também tenho a minha e nem por isso saio gritando por aí que eu faço com ela o que eu quiser. Isso é fato que não precisa ser dito.

Estamos vivenciando um verdadeiro estupro auditivo, tendo em vista a vasta quantidade de músicas de má qualidade, péssimas em melodia, com letra pobre e sem conteúdo.

Se tem algo que nunca suportei é a falta de respeito de determinadas pessoas que nos obrigam a ouvir sua “merda musical”. Você para no semáforo e sente o carro vibrar. Não adianta fechar o vidro, rezar ou querer avançar o sinal. Lá está o lixo auditivo invadindo sua mente com frases como “ Vai sentando, vai sentando. Você quer o meu c...? Ou você quer minha buc...? “.

Pode soar como moralismo vindo de alguém que utiliza tantos palavrões em seus textos, mas cá entre nós, até mesmo para a putaria há um limite. Enquanto isso eu prefiro levitar no meu estilo “quadradinho” a ir “sentando por aí”.