SUSSURRA-ME AO OUVIDO...
Diz-me… diz-me coisas que eu quero ouvir
Não me fales de guerras nem de desavenças universais
Conta-me o que fizeste, com quem foste sair
Que opinião tens sobre costumes ancestrais
Sussurra-me ao ouvido o teu poema de vida
Assim devagarinho para parecer tranquilo
Mesmo que a tua noite tenha sido enriquecida
Conta-me suavemente como o ‘cantar’ do grilo
Diz-me coisas que almofadem o meu adormecer
Que me façam arrepender de não estar contigo
Eu prometo que ouço sem me entristecer
Pois mais que o estado de nostalgia não consigo
Transmite-me ao ouvido as tuas gargalhadas
Os momentos hilariantes que te galvanizam
Os sorrisos que te ocorrem, as noites nubladas
As lágrimas que vertes quando te martirizam
Conta-me tudo, nada deixes por dizer
Quero ouvir o tom da tua voz sem vacilar
Quero sentir que me falas sem tremer
Diz-me adeus, aquece o meu débil respirar.
Ângelo Gomes