Tic tac

Torno a contar cada tic tac do relógio para ter a convicção de que o tempo passa. Não desejo voltar a ter que olhar para trás. E nós somos isto: o tempo que se desmancha a cada dia que passa. Somos a falta de inspiração que nos encobre num dia carente de sentido. Fazemos com que todos os dias sejam assim e somos conduzidos pela maré de vocábulos que se fazem ouvir todas as noites, dantes de começarmos a dormir. Éramos a luz que o sol solicitava todas as manhãs. Neste instante, não somos coisa nenhuma. Tenho possibilidade mesmo de falar que estamos a ser iludidos pelo tempo. Sempre me falaram que o que nos pertence regressa a nós, pois é ao nosso lado que deve permanecer. Para sempre, ou por mais um dia. Depois outro e outro, até o vazio ficar totalmente cheio.