Dia de domingo;

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Às vezes eu paro e penso, penso em um dia lindo de domingo. Penso em acordar cedo, tomar um banho, encher a barriga de pão e café, depois me jogar na cidade feito cão sem rumo, almoçar no vizinho, visitar os amigos, ver o mar... E quando a noite estiver chegando simplesmente dormir, para uma nova segunda-feira. Para um novo dia, mais um dia.

Talvez seu eu fosse um pai de família, prepararia junto com minha esposa o café das crianças, doava-me de corpo e alma as coisas em família. Jogaria futebol com meu garoto, ensinava minha menina a andar na bicicleta nova, dava um abraço forte na mulher, respiraria flores, e um belo ar de domingo. Bateríamos um retrato para o álbum de recordações e prepararia o melhor dos churrascos.

E se eu fosse um mendigo? Um dia de domingo... Que tal?

Jogado nas ruas, pedindo esmola, mas é domingo! Ninguém se importará com mais um mendigo. Estraçalhado, vestindo farrapos, sem chinelo e com a barriga doendo de tanta fome.

Eu poderia ser um ladrão...

O domingo é um bom dia, dia de roubo. Furtaria a uma velinha, a loja, ou também a um restaurante. Tudo num domingo só. Seria fácil, as pessoas no domingo são algumas mais tontas, estão felizes, saindo em família, fazendo churrasco, indo ao cinema, atravessando a rua, indo a restaurantes ou até mesmo passando fome.

Falando em fome, eu bem que poderia ser a própria fome. Sempre quis estar em lugares diferentes, com pessoas diferentes, de diferentes formas... O meu domingo poderia ser farto. Ou não!

Mas ao contrário de tudo eu sou só um dia de domingo. Marcado no calendário, sendo aproveitado de diversas formas, deixando de ser apenas um numeral, o chefe semanal, o original. A merdinha do domingo safado, que demora horas para passar. O piscar de olhos da manhã até a noite de domingo. Eu sou a felicidade de muitos, a desgraça de outros. Sou feito de momentos, comemorações, “dia perfeito”, bebidas, som alto, e uma cadeira de balanço. Sou gente, sou cor, sou flores e amores.

Sou um dia de Domingo...