A MÚSICA SERTANEJA NA ATUALIDADE

Sem querer ofender ninguém, estive assistindo o show de Guilherme e Santiago. Alguns refrões chegam a ser repetidos mais de 20 vezes. Exemplo disso: "E daí... Eu tò solteiro, vou cair na gandaia, vou curtir todas, beber e ninguém vai me segurara". Vê-se que se trata de um conteúdo emburrecedor. Música alienante, não conduz as pessoas a um engajamento por uma sociedade mais justa e solidária. Em nenhum momento foi cantada uma canção com conteúdo crítico, "cabeça", as melhores ainda foram aquelas que falam de um amor doentiu, platônico que existe num mundo paralelo ao experiênciado na terra. Talvez este seja o segredo para as duplas sertanejas que desejam atingir o sucesso.

Sem querer ser chato, deixei de ir no show de Roberto Carlos por entender que durante o Regime Militar, quando muitos artistas se colocaram a favor da conscientização, da luta contra a ditadura este cantor levou a juventude para o otra lado com: "Quero meu cadilac pibic!!!" e outras tantas. Geraldo Vandré nunca mais pode cantar depois de escrever "Para não dizer que não falei das Flores".

Quanta alienação. Mas o que esperar de uma sociedade pautada na alienação do trabalhador. Quem produz não é dono do que produz e recebe só uma parte de seu trabalho. uma parte muito pequena por sinal. uma sociedade assim reclama a alienação em todos os segmentos que a compõe: na escola, na família, na religião, nas relações interpessoais, ... Eis a contradição que nos move.

Daí o cinismo dos artista: "É uma alegria cantar em Cascavel, para estas pessoas maravilhosas". Porém se é tão bom assim, porque todos tivemos que pagar tanto para estar ali... Se é tão bom porque começaram tão tarde e logo pararam de cantar... Se é tão bom, porque não cobraram pelo menos um pouco menos... Nesta sociedade só é gente quem tem dinheiro. E enquanto ela prevalecer a hipocrisia e a falta de senso crítico será reinante.

Pensem nisso.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 08/11/2010
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