SOMOS O QUE SOMOS...
De pensamentos vãos e passos alternados
Vistos caducados e futuros por definir
Somos o que somos no lago dos falhados
Do qual dia a dia tentamos emergir
Cabeça erguida, mas impotentes e indecisos
Julgamos sempre que tudo já está feito
Somos o que somos ao sabor dos improvisos
Mas nunca o produto final fica ao nosso jeito
Os anos passam e o amanhã não mexe um dedo
Estagnados que estamos no pomar da fruta rude
Somos o que somos sem sequer sentirmos medo
Preferimos refrescar a cabeça no açude
Extasiados com a intensidade do clarão
Esquecemos os momentos do regresso
Somos como somos no seio da escuridão
Fechando os olhos à via do retrocesso
Nas alvoradas dos caminhos que traçamos
Vemos o sol com sinais de traços dúbios
Somos como somos e quando nos fartamos
Mudamos da cidade para os subúrbios.
Ângelo Gomes