PELA MADRUGADA...

É pela madrugada que a minha alma entra em sossego

É quando chego ao ponto de reflexão, meu irmão, meu silêncio

Meu pedaço de incenso que me transmite os odores da noite

Do açoite que me fustiga a face lavada de conspiração

A chuva embeleza o serão em jeito de trapaça

Enlaiva a vidraça configurando pequenos riachos

Uns machos outros fêmeas porque se entrelaçam

E me passam a terna imagem do pequeno toque

Há quem evoque ser uma cadeia de nostalgia

Porque o dia é parente próximo da madrugada

Lágrima amada de tão lasciva, de tão inoportuna

Arenosa como uma duna gelada no seio do deserto

E eu tão perto de te chamar amante, minha madrugada.

Ângelo Gomes

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 21/12/2010
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