PELA MADRUGADA...
É pela madrugada que a minha alma entra em sossego
É quando chego ao ponto de reflexão, meu irmão, meu silêncio
Meu pedaço de incenso que me transmite os odores da noite
Do açoite que me fustiga a face lavada de conspiração
A chuva embeleza o serão em jeito de trapaça
Enlaiva a vidraça configurando pequenos riachos
Uns machos outros fêmeas porque se entrelaçam
E me passam a terna imagem do pequeno toque
Há quem evoque ser uma cadeia de nostalgia
Porque o dia é parente próximo da madrugada
Lágrima amada de tão lasciva, de tão inoportuna
Arenosa como uma duna gelada no seio do deserto
E eu tão perto de te chamar amante, minha madrugada.
Ângelo Gomes