PARECE QUE FOI ONTEM...

Mais uma vez cá estamos nós às vésperas dum novo ano.

Uma década do terceiro milênio que velozmente já se foi, parece que foi ontem o "boom do milênio", estamos dez anos adiante da especulação do 'fim do mundo", e talvez ainda não estejamos sequer no começo da vida que o "mundo espera".

Porém, final de ano nos aguça o pensamento, posto que na realidade é simbolicamente final dum tempo bem delimitado.

Época em que fazemos balanços do passado recente e projetos para o futuro mais recente ainda, paradoxalmente nos voltando a dois tempos virtuais da nossa existência.

O que vale é o presente, uma vez que sem ele não existiria História.

Dois mil e dez termina como um marco duma década agitada, de imensa transformação no universo, de velocidade crescente em tudo, no que é bom e no que é ruim.

Obrigatoriamente que, para que entendamos este processo de transformação social tão rápida e do quanto precisaremos de certas contenções conscientes daqui para frente, havemos que nos reportar à fé e à esperança de que há uma força maior regendo nosso atual "status" de Humanidade. Sem essa crença seria como profetizar o caos num futuro bem próximo.

É difícil dentro das nossas limitações humanas, que muito pouco enxerga e que destrói muito, acreditar que os caminhos da Humanidade estejam sob nossas mãos. Seria tolice acreditar que temos esse poder...

Sinto o mundo meio perdido, na verdadeira acepção do vocábulo, no sentido de estar sem sentido, sem caminhos, sem grandes projetos.

Somos uma humanidade paradoxal, que acumula conhecimento científico a toque de caixa, enquanto nossa longevidade de seres biológicos lota o planeta, degrada a biodiversidade, provoca injustiças e tragédias sociais e naturais tão apocalípticas.

Somos seres peritos no descarte do cenário primordial às nossas maiores realizações. Desprezamos o tudo que nos é essencial.

Pessimismo? Não, apenas abertura da lentes para um foco bem aproximado do entorno.

Longe estamos de compartilhar, em meio ao nosso desenvolvimento tecnológico, dum verdadeiro status de satisfação e justiça social que tão bem qualificaria a plenitude da "diferenciada raça humana.

Penso que nossas conquistas não cabem dentro da Terra que construímos, cultivamos e desagregamos.

Nossa liberdade inteligente é potencialmente periculosa.

Mas,a despeito desta presente era de transformação acelerada, o mundo ainda gira, a Humanidade segue, e a História prossegue com seus sucessivos anos novos, sempre na expectativa das benfeitorias dos líderes mundiais que despontam, donos de incríveis soluções, e que tudo prometem em meio aos velhos dilemas insolúveis.

O maior deles o de fazer desta História Humana um consensual final feliz.

Que Deus autografe o nosso destino de seres inteligentes, porque apenas Ele tem o poder das necessárias mudanças neste livro da vida terrena.

Assim sendo, um Feliz destino novo para todos nós, e que as luzes de dois mil e onze resplandeçam nas consciências dos homens de bem.

Se para nós parece que foi ontem, para Deus o tempo é sempre outro, bem além dos nossos desnorteados relógios.