CHAMA-ME...
Chama-me, como trovão que nem montanha detenha
Quero ouvir o silvo trazido pelo vento cair-me no colo
Faz-me voar mesmo que não me eleve do solo
Juntos segredaremos a senha e a contra-senha
Chama-me do alto de Urais de agreste textura
Quero que o som da tua voz desça até aos vales
Em ritmo contínuo no espaço te instales
Mostra que o grito lânguido sabe a ternura
Não pares, mesmo que não me sintas, não pares
Se com as feridas que te consomem não me avistares
Vai ao perdidos e achados e reclama-me
Estarei solto de amarras ouvindo o teu grito
Em cela onde cabe um aguardar infinito
Desce do éter onde gravitas e… chama-me.
Ângelo Gomes