Coisa pouca

Dizem criticos literários que escritores e poetas não devem falar de si. Vou então, falar de mim, para não ficar só. Comprimento-me. Indago-me e respondo-me: Sei lá! Sei que amanheci com sono e anoiteci sem ele. Que ingratidão dele sair de mim, sem me levar. Se bem que não gosto muito da noite. Tem mosquito, murisoca, luzes que escurecem as ruas. Apitos que não se enxergam. Barulhos que passam e não deixam passadas. Madrugada então! Só mariposas! Coitadas, de asas quebradas. Saias de tule, rasgadas. Lantejoulas perdidas no chão. Vira-latas achando que são estrelas caídas do céu. Eles se encantam. Elas desencantadas. Não gosto da noite. As marcas do desenlevo só aparecem com o amanhecer. Oh! Sim! Tem céu, lua, estrelas. E alcance, tem? Enganos que a vida nos dá. Deixe pra lá. Já disse e vou repetir: Sei lá! E o sono ainda não chegou. E a lagarticha em minha vidraça arreganha seus pés em busca de bichos. Tomara que encontre os meus e os consuma.

Sarah Embaixadora Nena Sarti
Enviado por Sarah Embaixadora Nena Sarti em 23/10/2006
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