O laboratório do artista

Domingo, 17/08/2006

Há alguns dias estava querendo escrever sobre a importância do espaço físico onde o artista cria e desenvolve seu trabalho: o seu laboratório. Mas somente hoje resolvi expor esta questão, pois visitei o ateliê de um dos principais artistas contemporâneos do Paraná, Edílson Viriato (para conhecer o trabalho deste artista acesse http://www.arteparanaense.art.br/edilson.html).

Ao sair de lá, a caminho do ponto de ônibus (além do mais relembrar como é bom caminhar à noite), percebi como me faz falta um espaço próprio onde eu possa liberar meus demônios sem a preocupação de verificar a cada segundo se respingou tinta na minha TV ou no meu guarda-roupa. Na verdade eu nunca me importei muito com isso, porém minha mãe sempre deixa claro, e com razão, cada vez que começo uma pintura: “cuidado com o chão...”. Então não sei se presto mais atenção na tinta que cai sobre o suporte ou na que cai no chão.

Um dos estúdios mais conhecidos do mundo pertenceu ao artista irlandês Francis Bacon (1909-1992), justamente pela desordem do local. Lembro-me de um vídeo que assisti na graduação: em meio àquele caos, Bacon pega um prato e procura alguns tubos de tinta, os quais espreme e os joga ao chão em seguida. Mistura a tinta com um pincel e olha fixamente o suporte...

A maior tela que pintei até hoje mede 200 X 170 cm, não é possível fazer nada maior que isso, apesar de ser grande o desejo. Penso em trabalhos na escala de 500 X 350 cm, talvez um pouco mais, talvez um pouco menos.

Assim como o expressionista abstrato Mark Rothko (1903-1970), acredito que uma tela grande causa um impacto maior e imediato, pois ela “engole” o espectador levando-o para dentro.

Enfim, só desejo em breve ter meu próprio laboratório, onde minha criatividade não encontrará restrições, espero.

Mianutti
Enviado por Mianutti em 23/10/2006
Reeditado em 23/10/2006
Código do texto: T271750