SUAVEMENTE...
Levanto as mãos assim suavemente
Comprimo os olhos num esgar embevecido
Fechando as portas a qualquer ruído
Que ouse perturbar-me a mente
Parceiro do lago que me cerca sem bulir
Ouço os pássaros na hora da recolha
Cantam hinos pousados numa folha
De uma árvore que não se faz sentir
Uma aragem fria me enregela o rosto
Fricciono as mãos em jeito de fogo posto
Aqueço a alma com o que a alma sente
Dou passos no sentido do regresso
Evitando o sinuoso retrocesso
Chegando ao destino assim suavemente.
Ângelo Gomes