COMO FICOU A HERMENÊUTICA APÓS A OBRA “SER E TEMPO” DE HEIDEGGER?

Pedro André Pires de Almeida

Aluno do 5º período de filosofia da UFMA.

Ao depararmos com o complexo texto de Heidegger “Ser e Tempo” encontramos de certa forma a necessidade de uma repetição que está explicita na questão de ser, sendo uma questão metafisica. Heidegger de fato retoma o problema da idade média em que a ontologia de então, desde a clássica até o período moderno não havia dado um esclarecimento ao problema do ser, apesar das mais variadas discussões nas escolas tomistas e escolasticistas sem, no entanto chegar a uma clareza de principio. É justamente através da questão do ser que irá se chegar a uma direção diferenciada, o que já existia a tempos.

No § 2 da do primeiro capitulo da obra Ser e Tempo, encontramos a tarefa da hermenêutica que é a interpretação do ser, ou seja, interpretar o ser. Contudo, vimos que a compreensão do ser oscila, é vaga e mediana e que na realidade necessita de esclarecimento, posto que o primeiro passo filosófico na compreensão do ser consiste ir a fundo à raiz grega de sua exposição. Logo, estamos inevitavelmente sempre estudando desde os tempos clássicos, passando pelo medieval e até então no moderno, o esquecimento da questão do ser, sendo que para Heidegger todos trabalham a questão do ser através apenas dos conceitos de Platão e Aristóteles. Porém, o que fica notório é que sempre há a incerteza sobre como responder o que é o ser, o ente e o problema do ser, sendo que sempre se seguiu uma linha de pensamento originada pelos filósofos clássicos. Contudo, para Heidegger a ontologia seria uma boa palavra em que há um retorno até Parmênides, e a metafisica seria a palavra ruim, uma redução do ente, ôntico seria então o ente e ontologia em si, todo o sistema complexo de compreensão do ser.

Heidegger em sua obra, afirma explicitamente que os problemas que existem nada mais são hoje do que resultados do problema do ser. Conhecer e solucionar os problemas do ser e do tempo dentro de uma análise metafisica seriam para o autor inadequado, pois de certa maneira esta seria como gaiola onde não haveria possibilidade de liberdade. Questões ônticas que seria o ente e as questões complexas do ser para Heidegger estão além do que até agora fora concebido, pois presença, liberdade, Dasein, metafisica, tudo isto não trouxe e não trará apenas um problema, mas uma gama de questões a serem resolvidas e interpretadas corretamente.

Assim, para esse autor, todos os sistemas até então estavam fechados em si, pois:

“A universalidade do conceito de ser não contradiz a “especialidade” “da investigação, qual seja a de encaminhar-se seguindo a interpretação especial de um ente, determinado, a presença”.

Referente ao ente há muito o “tempo” funciona como critério ôntico para uma distinção das diversas regiões do ser. Todavia, Platão e Aristóteles tiraram de certa forma o tempo da existência, ou seja, baniram o tempo do problema do ser, do Dasein que é a existência humana neste sentido, com a tentativa de desconstrução da filosofia. Apesar de Heidegger achar que esta tentativa é insignificante, ele vai trazer assim o tempo para dentro da filosofia. Logo perceberemos que a direção tomada pela hermenêutica é muito mais complexa do que até então havia, pois o ser e o tempo são interpretados num âmbito muito mais profundo e complexo do que outrora, assim a hermenêutica de agora será mais exaustiva e digna de ser lida e relida no que se tem como objeto para a interpretação aprofundada do ser.

REFERÊNCIAS

MARTIN,Heidegger.Ser e Tempo.São Paulo:Ed.Vozes,1996.

PEDRO ANDRÉ ALMEIDA
Enviado por PEDRO ANDRÉ ALMEIDA em 10/01/2011
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