Colecionadores exibicionistas
Os meios de comunicação permanecem cada vez mais ao nosso dispor e não é por isso que são melhor usados. A comunicação entre os seres humanos tornou-se ubíqua, não se fazendo melhor e mais simples.
Com as designadas redes sociais acrescentou-se a fome com a vontade de comer. Juntou-se quem quer contemplar, com quem quer ser contemplado. Anonimamente ou explicitamente, vê-se, analisa-se, aquilata-se, expõe-se. Ser bem contemplado é mais importante que contemplar.
Vê-se o colega do colega do colega. Na aparência, nosso colega é. Mesmo que cara a cara não houvesse diálogo ou uma singela saudação, naquela espécie de rede, todos são peixe. E o cabaz vai enchendo de rostos, máscaras e traços.
Opina-se acerca de tudo e acerca de coisa nenhuma. Jogam-se jogos onde mais que a destreza, a frequência é reparada. E, de modo típico, distingue-se que apreciamos isto ou aquilo. Mesmo que seja um marco de reminiscência sem qualidade, ou achamos bom ou não nos determinamos.
Colecionam-se perfis. Colhem-se comentários inúteis. Exibem-se faces das nossas existências.