ÑÓDOAS NEGRAS...

Não se vêem, mas doem, são negras

Têm a forma das nódoas que nos mudam a cor

São implacáveis na geometria da dor

Espalham desolação e mudam as regras

São laivos saídos de uma arma qualquer

Picaretas que abrem valas numa ala sem rumo

Achas ateadas numa fogueira sem fumo

Mergulhando no vazio sem saber se se quer

Angústias que travam um bom respirar

Ânsia de expulsar o incómodo intruso

Dentro de uma chama sem alma nem uso

Trava-se a batalha que se quer ganhar

Olhos bem abertos e corpo escorreito

Mãos entrelaçadas, drama disfarçado

Fere-nos a paixão de um soluço abalado

São as nódoas negras que nos mancham o peito

Ângelo Gomes

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 20/01/2011
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