ÑÓDOAS NEGRAS...
Não se vêem, mas doem, são negras
Têm a forma das nódoas que nos mudam a cor
São implacáveis na geometria da dor
Espalham desolação e mudam as regras
São laivos saídos de uma arma qualquer
Picaretas que abrem valas numa ala sem rumo
Achas ateadas numa fogueira sem fumo
Mergulhando no vazio sem saber se se quer
Angústias que travam um bom respirar
Ânsia de expulsar o incómodo intruso
Dentro de uma chama sem alma nem uso
Trava-se a batalha que se quer ganhar
Olhos bem abertos e corpo escorreito
Mãos entrelaçadas, drama disfarçado
Fere-nos a paixão de um soluço abalado
São as nódoas negras que nos mancham o peito
Ângelo Gomes