InCeRtOs CaMiNhOs

Frio, sinto neste instante frio. Tenho na plenitude desta noite silenciosa, um corpo quente e febril de desejos inconsolados, e diante dos meus olhos carregados e encharcados de sonhos mortos, um espelho relatando a existência viva de uma lágrima a correr fria por meus traços horrivelmente tristes, cujas dores sem nome, sem identidade, carregam aos braços a causa impiedosa, o sentido que agora me falta. Enquanto reflete o espelho uma alma sem rumo, sem sonhos, sem amor... Os ponteiros da existência giram apagando pegadas, silenciando palavras e enterrando lembranças. O frio parece me rasgar a carne. a ausência? Esta me mata! Então corro pro casulo a procura de conforto, onde um grande anjo me abraça. Onde as dores são mais fortes. Onde seu cheiro ausente, é presente. O sentido de minha existência é nítido como o preto no branco. Não vivo sem ti. E o relógio continua. Seus ponteiros mortos me roubam a vida da lucidez, assombrada pelo horror de sua falta. Fraquejo então, caindo nas grades solitárias do sono involuntário, seguindo caminhos escuros dos sonhos que ainda vivem nestas veias mortas, carentes da doçura do teu sangue, de tuas pétalas. E o sonho prossegue a passos perdidos e solitários, abrindo portas, fechando falsas esperanças e carregando no sentido, sombras que te ocultam, labirintos que nos separam. Agora o sufoco traz-me do triste sonho, à amarga realidade, e neste instante de segundos eternos, corro pra janela impulsionado por sua magia, que no meu corpo doente de saudade corre selvagem. As conseqüências dessa angustia se revelam nas estrelas que iluminam a grande nuvem escura, que paíra sobre meus olhos cegos por ti, de ti. Agora, ainda sofrendo decaído sobre pétalas e espinhos, desvio minha atenção distante e devoro amavelmente a imagem de uma fria lua que testemunha nossas dores... E finalmente entrego-me a imensidão do ocêano calmo e silencioso, deitando minh’alma no berço da esperança. Ausentando-me dos ponteiros carrascos, fugindo então de mim mesmo, deixando que a razão e o coração cessem sua guerra. Guardem suas armas. Cairei novamente aos braços misericordiosos do sonho e à incerteza dura dos caminhos que te procuram...

GCarlos
Enviado por GCarlos em 02/02/2011
Reeditado em 06/12/2012
Código do texto: T2767181
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