Sublime enigma

Viver. Será uma imutável procura? Complicações, precipícios, (des)encontros. A busca, a sede, a angústia de descobrir, de ser descoberta também. Abrir as portas da alma para o universo e experimentar de tudo. Sentir o ar, a chuva e o sol, a vegetação, a areia, o sangue em seu pulsar incessante e ter repleta consciência de existir no presente, incluir a vida. Render-se ao enigma da incerteza do que há de chegar. Das questões desprovidas de respostas instantâneas, e das impossíveis mesmo de responder. A única realidade é que fui. Sou. Serei? No agora, apenas estou sendo; mesmo que não possa explicar ao certo quem, como, por qual motivo, em que ponto. Para que lugar? Viajante-prisioneira da nave circular, gigante para mim, insignificante na presença do mundo. Qual o objetivo? “Tudo dirige-se para o bem”. Mas o conceito de bem varia na multidivergência de pensamentos, opiniões, avaliações. Então, questiono de novo; qual o objetivo? Amor, poder, prazer, boniteza, harmonia, felicidade, missão cumprida (missão comprida)?

Viver. Só é possível sem procurar explicar. Devemos confessar nossa incapacidade de um esclarecimento verdadeiro ou ao menos persuasivo – resposta correta, precisa, plena. Esquecer a sequência de perguntas e fazer bom uso do minuto que está a passar, e nunca retornará. Olhos vendados para o futuro. A única saída é ter confiança na vida.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 02/02/2011
Código do texto: T2768447
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