AS MINHAS METADES...
Sinto que estou na vida pela metade
Metade corpo, metade consciência
Um pouco de conformismo, outro de saudade
Momentos de apatia, pedaços de vivência
Caminho mas não avanço
Escrevo mas não canto
Vivo a vida sem descanso
Quero um espaço enorme, sento-me a um canto
Sou metade de mim
Sou duas partes em afirmação
Sou a calma que coabita com o frenesim
Começo na montanha, acabo no alçapão
Amo apenas com uma metade
Porque a outra metade está ausente
Reajo à urgência com passividade
Aceno com uma mão porque a outra é reticente
Metade de mim ri, a outra metade chora
Durmo mas não sonho
Uma parte quer ficar, a outra quer ir embora
Dilema intenso que me deixa tristonho
As metades de mim são eu
Ignorando o que a vida me escondeu.