Em fuga parti

Da vidraça de minha janela, olho desanimada para as gotinhas de chuva, gotas que eu já confundi com meu pranto, aprecio a beleza daqui, não quero mais deixá-la me molhar, já corri como menina boba na chuva, era banho de lavar a alma, mas eu não me importava, sabia que após tal travessura eu seria acolhida e aquecida pelos braços de meu amor, que ele iria me beijar, olhar em meus olhos, sorri e falar:_Minha linda não precisa me procurar, estou aqui para te amar! E juntos, abraçados partíamos para nosso paraíso.

Um dia as flores murcharam o vento forte o cenário mudou, eu solitária fiquei, gritei pelo amor que partiu dando lugar a dor, inútil minha voz soou, em lágrimas desabei e em fuga parti, fugi da dor, fugi de mim...

Corri sem bússola para me guiar, estive entre espinhos, uma voz amiga eu ouvi e em seus braços me atirei, por momentos descansei da dor, momentos tão frágeis que o tempo em fração de segundos me arrancou, mais uma vez me pus na estrada, agora cautelosa, sem pressa, por não saber onde meus passos iriam dar.

Por onde andei descobri que o paraíso e o deserto são desenhos em lados opostos da mesma tela, basta o vento forte soprar e tudo pode mudar.

Sei que meu hálito é quente e essa vidraça vai embaçar e sem visão nenhuma eu vou ficar, preciso reagir e parar de fugir.

Um olhar solitário, não me importa estar só, pois nesse mundo sozinha eu cheguei e a lágrima foi minha primeira companhia e sei que sozinha vou partir... fujo da chuva, fujo do vento, mas não posso continuar fugindo de mim.

Damiana Almeida
Enviado por Damiana Almeida em 21/02/2011
Reeditado em 21/02/2011
Código do texto: T2805910
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