Fragmentos

     Não discuto abstração de sentimentos, visto que amores são, inúmeras vezes, tal qual cristal delicado, capaz de romper-se em mil partículas em fração de segundos, fragmentando histórias, sonhos e desejos...

     Talvez alguma partícula deva ser a origem da paixão, espécie de romance fugaz e flexível, gerador de relacionamentos que vão e vem com demasiada facilidade, chegam a perde-se em descaminhos, deixam saudades ou não e mesmo assim, garantem  espaço no universo de lembranças, sendo  motivo de recordação e  sorrisos de canto de boca, seguido de um balançar de cabeça, pé no chão e retorno a vida real...

      se foi bom(ou não) passou, embora não tenha perdido o charme e fortalecido a alma...

     Sobrevivendo a inconstâncias, unindo cacos, reunindo partículas de cristal quebrado,  o remédio é não remediar,  seguir adiante na busca  do sentimento primordial, o amor concreto...

     E por não discutir abstração de sentimentos, tudo o que se solidifica ao longo de jornadas de prazer mutuo, de olhares que iluminam, de mãos capazes de promover o toque no ponto exato, desabrochando  sorrisos no calor do corpo que adormece abraçado, há  de compensar  o que um dia houve de certo ou errado...

     Não discuto abstração de sentimentos, apenas vivo o abstrato, na esperança que um dia haverá de tornar-se concretamente sólido...


Fragmentos de um Diário Roubado

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Renata Rimet
Enviado por Renata Rimet em 07/03/2011
Reeditado em 07/03/2011
Código do texto: T2833845
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