CAMPOS...
O pó que me escurecia a face
Que me ocultava a cor que define a raça
Me criava um relevo
Como os tecidos da tua pele
Adulterada pelo somar dos anos
Campos…
Os mesmos campos da minha juventude
Com outros pós, com outros ventos
Campos outrora pintados a verde
Das searas
Da esperança
São agora mantos
Agrestes
Áridos
Carreiras de tiro
Onde tomba a fauna
Inanimada
Perecida
Mercado de carnes
Para ‘farras’ de fim de tarde
Campos…
Tapetes que pisei descalço
Que cheirei faustosamente
Que visionei vermelhos
Através de um painel de papoilas
Amarelos
Cor dos trigais em final de gestação
Escuros na noite
Quando os lobos passavam ronda
Campos…
Onde param os campos da minha meninice?
Desertos?
Lixeiras?
Ou armazéns de cimento armado?
Protesto
Quero os meus campos de volta.
Grito, suplico, desespero
Causa perdida.