As desgraças da incapacidade moral
O verdadeiro inferno é a falta de privacidade, a vontade mais intensa e verdadeira de ficar livre do que tanto incomoda e que parece não ter fim. Não poder "eliminar" o problema, ter que conviver com a própria incapacidade e forçada resignação. Frustrar-se diante de uma simples necessidade que não pode ser suprida.
Afinal, a que propósito se atende dessa forma? O que fazer com o que é desnecessário e não se pode descartar por motivos e questões externas? Motivos e questões externas... judiciais, sociais, cármicos. Cármicos? Como suportar o insuportável numa subexistência que traz angústias e crises de ira que, por vezes, sufocam, extinguem o ar e fazem a atmosfera ficar fétida, pútrida e pesada?
O instinto é de sobrevivência e para viver, às vezes, é necessário matar. Matar o que alimenta a vingança, matar o que satisfaz o desejo, matar o que ocupa um espaço que não pode mais ser dividido.
Incompreensível para quem não vivencia, mas real e imprescindível para quem precisa continuar vivo.