René Magritte (Belgian, 1898-1967)
The Thought wich sees (1963). Pencil on paper, 15 (40,0x29,7 cm)
Gift of Mr and Mrs. Charles B.Benenson
MoMa. The Museum of Modern Art. New York, USA

                          
EXCERTOS COM MICHEL FOUCAULT


"...mas, se a linguagem não mais se assemelha imediatamente às coisas que ela nomeia, não está por isso separada do mundo; continua sob outra forma, a ser o lugar das revelações e a fazer parte do espaço onde a verdade, ao mesmo tempo, se manifesta e se enuncia...
...saber consiste, pois, em referir a linguagem à linguagem. Em restituir a grande planície uniforme das palavras e das coisas.  Em fazer tudo falar. Isto é, em fazer nascer, por sobre todas as marcas, o discurso segundo o comentário....
....daí sem dúvida, na cultura ocidental moderna, o face-a-face da poesia e da loucura. Mas, já não se trata do velho tema platônico do delírio inspirado. Trata-se da marca de uma experiência da linguagem e das coisas....
...o poeta sustenta o papel alegórico. sob a linguagem dos signos e sob o jogo de suas distinções bem determinadas, põe-se à escuta de "outra linguagem", aquela sem palavras nem discursos, da semelhança...
....o poeta faz chegar a similitude até os signos que a dizem, o louco carrega todos os signos com uma semelhança que acaba por apagá-los....
....assim, na orla exterior da nossa cultura e na proximidade maior de suas divisões essenciais, estão ambos nessa situação de "limite" - postura marginal e silhueta profundamente arcaica - onde suas palavras encontram incessantemente seu poder de estranheza e o recurso de sua contestação....
...entre eles abriu-se o espaço de um saber onde, por uma ruptura essencial no mundo ocidental, a questão não será mais a das similitudes, mas  a das identidades e das diferenças...



Nota
Cf.Foucault, Michel, in As Palavras e as Coisas, Martins Fontes Editora,1999, pp.55/67/8