Um cantinho por onde descem as lágrimas

Se sou puro pó, viro então, da vida, o ser mais dado

Puto sumo suco sulco tudo turvo recém chegado

Sou a estrela que me consome em própria alegria

E ai de quem disser, que o meu não é o mais bonito sorriso.

De nada sou sem ela, se idade mas se revela, acarreta-se...

Pô! Que nunca mais isto me venha a acontecer! Pô...!

Não sou merecedor de tal sofrimento, sofre poeta...

Não sou medidor da minha tristeza, os poemas sim...

Como escreve melhor um eu triste, cabisbaixo e chorão

Choro os cantos e cantinhos embaixo dos semáforos

Perto do meio fio existe um lugarzinho: passam as águas

Perto da minha pálpebra tem um cantinho: descem as lágrimas

Se sou puro pó, quero ser quem incomoda teu peito

Quem fica cutucando tua teimosia, aquele que te gosta

Quero ser também: Aquele que te Preza e Aquele que te Presa!

Quero ser que teu corpo deseja ao falar com os pensamentos

Sou por quem tu fica louca e fala sozinha? És tão normal

Por isso, por isso... Acho você diferente, estas bochechas.

Da terra que se retira o meu fim e se assopra, fica bonito

A vida sempre acaba e o pra sempre se deve dizer sempre!

Pois o pra sempre é a eternidade mais breve... Não vou gostar

Vou morrer, minhas sobrancelhas tão belas, as mais belas...

Meu amor tão puro... metal polido na minha mão

Metal que escapa pelos dedos finos, até que descobri que sou fraco...

E que de poeta nada tenho se não a amada, que não mereço ter

Quem é normal e perfeita, sabe ouvir, sabe dizer.

Tenho mais a quero ter, de verdade. Nos teus braços, sim, sou blindado!

Viva às pessoas, viva o casamento, viva os bueiros, abaixo à realidade.