O erro e as bolinhas de sabão

Não era a primeira vez que eu fazia uma coisa sem prestar atenção no que estava fazendo. Era uma tarefa razoavelmente simples: escovar os dentes. Troquei o creme dental pelo sabonete líquido, e ao apertá-lo saíram de lá várias bolhas de sabão. Pensei no quão gentil tinha sido a consequência daquele meu engano. Normalmente meus erros acarretam em situações bem mais desagradáveis que aquela.

Depois me veio uma repentina sensação de paz: meus erros nem sempre me prejudicam. Tem erros que ficam só na minha consciência, não saem de lá porque não tiveram conseqüências drásticas. Outros são aqueles que me prejudicam imediatamente ou temporariamente, tanto faz. E a última categoria é aquela em que sem querer o erro faz com que apareçam bolinhas de sabão e tudo se torna um grande motivo de riso.

Errar nem sempre é ruim. Errar é sempre aprendizado. Eu não tenho medo das consequências, mas confesso que é exremamente chato ter que limpar a escova de dente suja de sabonete líquido. É chato porque eu sei que fui eu que apertei o sabonete e provoquei a bagunça. É chato porque a pasta de dente estava bem ali, me esperando, e eu não prestei atenção nela. Também porque desperdicei sabonete e perdi meu tempo até tirar a espuma que se instalava no meio das cerdas.

Da próxima vez eu presto mais atenção e elimino a hipótese de ver bolinhas de sabão voarem alegremente ao meu redor depois de cometer um engano.

Denise Castro
Enviado por Denise Castro em 12/11/2006
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