POR DETRÁS DA VIDRAÇA...

Corriam-me as lágrimas pela face

Nos corredores imperava o silêncio

O quarto escuro

Como se não existisse

Eu queria que não existisse

Pelas lembranças

Pelos passos perdidos

Pelos tapetes

Que ainda tinham o odor dos teus pés

Silêncio…

Por detrás da vidraça

Olhava a rua deserta

Aquela rua que foi o início de muitos caminhos

Ouço passos

Por cada passo uma recordação

Por cada silhueta uma convulsão

Já não existes, sei…

Por de trás da vidraça

Cada corpo me parece o teu

Cada ruído me deixa em sobressalto

Imploro um abraço vindo do vazio

Por detrás da vidraça

Cada lágrima

É um dedo teu

Cada lenço é o tecido da tua pele

A acariciar-me a face.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 09/04/2011
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