POR DETRÁS DA VIDRAÇA...
Corriam-me as lágrimas pela face
Nos corredores imperava o silêncio
O quarto escuro
Como se não existisse
Eu queria que não existisse
Pelas lembranças
Pelos passos perdidos
Pelos tapetes
Que ainda tinham o odor dos teus pés
Silêncio…
Por detrás da vidraça
Olhava a rua deserta
Aquela rua que foi o início de muitos caminhos
Ouço passos
Por cada passo uma recordação
Por cada silhueta uma convulsão
Já não existes, sei…
Por de trás da vidraça
Cada corpo me parece o teu
Cada ruído me deixa em sobressalto
Imploro um abraço vindo do vazio
Por detrás da vidraça
Cada lágrima
É um dedo teu
Cada lenço é o tecido da tua pele
A acariciar-me a face.