CHORA...
Chora, amor…
Não retenhas mais em ti
A gota de água
Não cedas ao bloqueio
Que te embargou a voz
Não afogues as mágoas
Porque as mágoas são como lava
De um vulcão ansioso por explodir
Sei…
Alguém bebia
E tu pagavas a conta
Com os trocos que tinhas estampados
No corpo
Moedas escuras
Pequenas ou grandes
Dependia da última encomenda
Que te tinha fustigado
E as tuas lágrimas
Contidas
Eram pedras de gelo
Armazenadas nas entranhas
Acabou…
Não há mais razão para teres em ti
Um rio de águas paradas
Um pântano execrável
As amarras que te prendiam
Os peitos secos e envergonhados
Deixaste de pagar as contas
As moedas secaram
O corpo reluz
A fonte voltou a brotar
Da nascente
Chora, amor…