CHORA...

Chora, amor…

Não retenhas mais em ti

A gota de água

Não cedas ao bloqueio

Que te embargou a voz

Não afogues as mágoas

Porque as mágoas são como lava

De um vulcão ansioso por explodir

Sei…

Alguém bebia

E tu pagavas a conta

Com os trocos que tinhas estampados

No corpo

Moedas escuras

Pequenas ou grandes

Dependia da última encomenda

Que te tinha fustigado

E as tuas lágrimas

Contidas

Eram pedras de gelo

Armazenadas nas entranhas

Acabou…

Não há mais razão para teres em ti

Um rio de águas paradas

Um pântano execrável

As amarras que te prendiam

Os peitos secos e envergonhados

Deixaste de pagar as contas

As moedas secaram

O corpo reluz

A fonte voltou a brotar

Da nascente

Chora, amor…

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 09/04/2011
Código do texto: T2899550