O dia seguinte

Do que se constitui o cheiro de uma pessoa? Do perfume, ou perfumes, que ela usa? Da química contida em sua pele? Das inúmeras experiências de sua vida? Do meio em que vive?

O dia seguinte está para o cheiro, assim como o dia do encontro para os amantes. Depois do encontro, não há parte do corpo, da roupa, ou da mente, que escape à lembrança da fragrância do outro ser. Ele vem assim, como quem não quer nada, e remete nosso pensamento ao dia anterior (ou às horas anteriores)... E insiste, aparece mais, e outra vez. E não vai embora, mesmo depois de longos banhos.

Começo a desconfiar que o cheiro não faz morada em nosso corpo, mas sim em nosso coração, como sendo algo que remete a momentos bons, passados a dois, e que nos dá a certeza de que amanhã, sempre, tem mais...