MEU ABRIGO...

É num canto recôndito o meu abrigo

Onde ninguém me vê

Nem ouve

Porque os pensamentos não se vêem

E os apelos da alma não se ouvem

São internos

São afluentes de um rio silencioso

Que me percorre

Que nasceu na cabeça

Espreita pelas janelas dos meus olhos

Purifica as águas no coração

Mostra a revolta nas minhas mãos

Desagua junto aos meus pés

E faz-se mar

Um mar de ilusões

O meu abrigo

Que fica lá longe

No sopé de uma montanha

Onde a neve cai no inverno agreste

Deixa-me frestas

Para que brisa me mantenha desperto

Para que o pensamento possa fluir

E a alma não pereça de nostalgia

Em silêncio…

Um silêncio cortado na noite

Com o uivar dos lobos

Que entoam rituais comoventes

Só eles sabem onde me encontrar

Porque o seu grito é o meu grito

No meu abrigo

Em silêncio.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 03/05/2011
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