MEU ABRIGO...
É num canto recôndito o meu abrigo
Onde ninguém me vê
Nem ouve
Porque os pensamentos não se vêem
E os apelos da alma não se ouvem
São internos
São afluentes de um rio silencioso
Que me percorre
Que nasceu na cabeça
Espreita pelas janelas dos meus olhos
Purifica as águas no coração
Mostra a revolta nas minhas mãos
Desagua junto aos meus pés
E faz-se mar
Um mar de ilusões
O meu abrigo
Que fica lá longe
No sopé de uma montanha
Onde a neve cai no inverno agreste
Deixa-me frestas
Para que brisa me mantenha desperto
Para que o pensamento possa fluir
E a alma não pereça de nostalgia
Em silêncio…
Um silêncio cortado na noite
Com o uivar dos lobos
Que entoam rituais comoventes
Só eles sabem onde me encontrar
Porque o seu grito é o meu grito
No meu abrigo
Em silêncio.