CIRCUNSTANCIAL...
Eras…
A história da vida está cheia de eras
A era da pedra lascada
Do mármore
Dos serões na aldeia
Do cinema mudo
Das monarquias obsessivas
Do amor e uma cabana
Eras…
Os tempos mudam
As mentes pensam que evoluem
Chegamos à era do circunstancial
Não amamos devido às circunstâncias
Não nos entregamos porque…
Não nos beijamos na rua porque…
Não andamos de mãos dadas porque…
Não dizemos a um amigo ou amiga
Que o ou a amamos porque…
Devido às circunstâncias
Um dia
Em que nos atribuam o estatuto de falecidos
Com papel passado e tudo
No interior da urna
Com plateia à nossa volta
A comentar o beijo guloso
Que o Joaquim deu à Joaquina
Na telenovela das Sete
Eu ainda hei-de ter forças
Para gritar…
Calem-se hipócritas
Que até a morte é…
… circunstancial.