CIRCUNSTANCIAL...

Eras…

A história da vida está cheia de eras

A era da pedra lascada

Do mármore

Dos serões na aldeia

Do cinema mudo

Das monarquias obsessivas

Do amor e uma cabana

Eras…

Os tempos mudam

As mentes pensam que evoluem

Chegamos à era do circunstancial

Não amamos devido às circunstâncias

Não nos entregamos porque…

Não nos beijamos na rua porque…

Não andamos de mãos dadas porque…

Não dizemos a um amigo ou amiga

Que o ou a amamos porque…

Devido às circunstâncias

Um dia

Em que nos atribuam o estatuto de falecidos

Com papel passado e tudo

No interior da urna

Com plateia à nossa volta

A comentar o beijo guloso

Que o Joaquim deu à Joaquina

Na telenovela das Sete

Eu ainda hei-de ter forças

Para gritar…

Calem-se hipócritas

Que até a morte é…

… circunstancial.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 06/05/2011
Código do texto: T2954006