SOU NADA ...

Vivo na sombra da vida

Nos subterrâneos onde posam ratos

Onde nascem catos de verde esfumado

Onde a trovoada urina os seus dejectos

Não tenho nada para te dar

Porque eu sou nada…

Há dias em que me confundo com insectos

Há dias em que subo ao alto da montanha

De pernas trementes, olhar de desconforto

Não serei eu o resultado de um aborto

Esquecido numa rede que o pescador amanha?

Que te posso dar se nem eu sei quem sou?

Um beijo, um sussurro, um sopro à distância?

Não … tu és magnânima !!!...

Eu sou apenas o sorriso que me engelha a face enlameada

Sou quem te olha correndo o risco do delito

Sou quem tu não queres … sou nada.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 24/11/2006
Código do texto: T300447