Socialismo

O garoto não tinha mais que doze anos, mas já tinha aprendido que deveria correr. Correr mais e mais rápido. Correr dos homens encapuzados, da polícia, da morte, da fome... Corria de pressa, com os pés descalços. Às vezes o chão estava quente, com pedras afiadas. Não eram raros os momentos em que fechava os olhos, se segurando para não chorar de dor. Mas ele não corria sem objetivo, sem destino. Ele corria na direção do horizonte. Sempre em frente. Nem ao menos olhava para os lados. Quando a chegada parecia ainda mais distante e a estrada muito mais árdua, ele soltava um grito, ordenando ao corpo que continuasse se mexendo. De seus lábios, nessa hora, saía a palavra liberdade! E seus ouvidos sempre escutavam o eco respondendo: Socialismo!