VERMELHOS SÃO OS CAMPOS...
Como olhos congestionados
Fustigados pelo sal do mar
Ou pelo choro
De uma desventura ocasional
Vermelhos são os campos
De papoilas ornamentados
Que acariciadas pelo vento
Flutuam ao sabor da nortada
Um vermelho de fulgor
Irmão da verde esperança
Que lha dá corpo
E se cola à terra
Papoilas…
De cor fulgente
Que rivaliza com o sangue
Que nos corre pelas veias
Como turbina
De percurso invariável
Que também têm coração
E por isso nos tocam
Com o seu pulsar ao vento
Como rios mansos
De corrente doce
Sempre na espera
Que uma mão os acaricie
Travando-lhes a descida
Por breves instantes
Papoilas de cor vibrante
Que nos chamam em segredo
Quando vermelhos são os campos.