VERMELHOS SÃO OS CAMPOS...

Como olhos congestionados

Fustigados pelo sal do mar

Ou pelo choro

De uma desventura ocasional

Vermelhos são os campos

De papoilas ornamentados

Que acariciadas pelo vento

Flutuam ao sabor da nortada

Um vermelho de fulgor

Irmão da verde esperança

Que lha dá corpo

E se cola à terra

Papoilas…

De cor fulgente

Que rivaliza com o sangue

Que nos corre pelas veias

Como turbina

De percurso invariável

Que também têm coração

E por isso nos tocam

Com o seu pulsar ao vento

Como rios mansos

De corrente doce

Sempre na espera

Que uma mão os acaricie

Travando-lhes a descida

Por breves instantes

Papoilas de cor vibrante

Que nos chamam em segredo

Quando vermelhos são os campos.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 09/06/2011
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