Caçadores de nós mesmos.

É uma eterna procura interna pelo que nos faz suspirar,

Pelo que nos torna mais fortes,

O que abala e o que embala.

É uma caça sendo o caçado, já dizia Milton

É o casmurro pensante. Metido consigo. Sem olhar pra fora.

Pois quando olha, se complica.

As paixões nos tomam as rédeas dos caminhos

E nos embolamos nas teias, nas moscas e nas aranhas,

Num surto de introspectividade.

Buscamos sempre as paredes, os extremos, às escuras.

Enquanto esquecemos de conhecer o centro. O dentro.

Esbarramos em similares e nos reconhecemos no espelho.

Não por acaso, somos todos os mesmos:

Caçadores de rumos, ventos, guias, pulsos, instintos.

Nos encontramos no centro de nós,

No pensamento longe, nas palavras propriamente ditas.

Nos identificamos àquele que quer dizer tudo,

Mas ignora o fato de ser tímido.

E àquele que não tem nada a dizer,

Mas sente que precisa compartilhar algo desconhecido dele mesmo.

Nós somos essa Pandora, esse mar, essa mata, esse fogo frio,

Nos percorrendo e nos encontrando

No âmago de nossas vozes.

Não há espaço para pessimismos aqui.

A estrada é solitária.

Mas com tantos solitários vagando,

Sempre há alguém a ser encontrado.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 17/06/2011
Reeditado em 06/07/2011
Código do texto: T3040986
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