Caçadores de nós mesmos.
É uma eterna procura interna pelo que nos faz suspirar,
Pelo que nos torna mais fortes,
O que abala e o que embala.
É uma caça sendo o caçado, já dizia Milton
É o casmurro pensante. Metido consigo. Sem olhar pra fora.
Pois quando olha, se complica.
As paixões nos tomam as rédeas dos caminhos
E nos embolamos nas teias, nas moscas e nas aranhas,
Num surto de introspectividade.
Buscamos sempre as paredes, os extremos, às escuras.
Enquanto esquecemos de conhecer o centro. O dentro.
Esbarramos em similares e nos reconhecemos no espelho.
Não por acaso, somos todos os mesmos:
Caçadores de rumos, ventos, guias, pulsos, instintos.
Nos encontramos no centro de nós,
No pensamento longe, nas palavras propriamente ditas.
Nos identificamos àquele que quer dizer tudo,
Mas ignora o fato de ser tímido.
E àquele que não tem nada a dizer,
Mas sente que precisa compartilhar algo desconhecido dele mesmo.
Nós somos essa Pandora, esse mar, essa mata, esse fogo frio,
Nos percorrendo e nos encontrando
No âmago de nossas vozes.
Não há espaço para pessimismos aqui.
A estrada é solitária.
Mas com tantos solitários vagando,
Sempre há alguém a ser encontrado.