A AUSÊNCIA E A SAUDADE

A ausência que alguém me faz não reside no fato de ele
estar longe ou distanciado.
A ausência é um estado de sentir saudade de alguém, 
de seus movimentos, seus risos, voz, jeito de ser.
É uma ausência assimilada, não compreendida e irreal. 
Porque tudo da pessoa já está em mim.

Quando pensamos que podemos “matar a saudade” de alguém, olhando-lhe frente a frente - exageradamente dizemos: 
com nossos próprios olhos - ao alcance das nossas mãos, percebemos que não era bem isso que queríamos matar ou reviver. O momento vivido, experimentado, gostado, querido, marcado 
entre nós e a pessoa ausente é que nos remete à saudade e a saudade nos remete ao vazio, um estado de torpor e inquietação.

A ausência é um estado de espírito, assimilado pelo corpo e irracional à mente.

Carlos Drummond de Andrade, poeta de alta sensibilidade para 
as questões do SER, tem um poema que traduz muito bem tudo 
que eu não consigo descrever acerca da ausência.
Os poetas têm esse dom de transformar sentimentos em poesia, 
e, poetizando escrever os melhores compêndios.


                         AUSÊNCIA

              “Por muito tempo achei que ausência é falta.
               E lastimava, ignorante, a falta.
               Hoje não a lastimo.
               Não há falta na ausência.
               A ausência é um estar em mim.
               .... “



Para meu filhão que está, literalmente, do outro lado do mundo.

Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 30/11/2006
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T305829
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