DIVAGAÇÕES NA MADRUGADA.

O tesouro, é um conjunto de valores - materiais e simbólicos. Simbólicos sim - todo valor é simbólico. O diamante em si não vale nada. Que utilidade tem? Por ser pedra dura, por ter a maior dureza, é capaz de riscar e cortar outros materiais. O carbonado, diamante industrial, vale muito - permite a usinagem, transformação dos metais e por isso vale, pela utilidade, mesmo sendo pedra feia. O brilhante, diamante facetado, pedra linda - reflete e refrata - e o que é isso, senão mudar a trajetória dos raios de luz? E isso vale? - Não, não vale nada!. - Mas isso encanta! ... Não é o mesmo que a luz que explode nos fogos de artifício? Não vale nada, mas é capaz de reunir milhões de pessoas em uma praia, para ver acontecer ... a beleza!. O diamante por ser raro (e belo), de ocorrência aleatória, vale pela dificuldade e pelo esforço para encontrá-lo. Reserva de valor, simboliza tudo aquilo que foi gasto para obter o que não vale nada, mas é durável, incorruptível, ao longo do tempo igual a si mesmo. O que foi gasto, sim, vale muito. Permitiu que milhares de pessoas sobrevivessem no seu mundinho de trocas. Regras do jogo! só as linhas-de-força valem e permitem que o homem e a sociedade se construam entre o confuso e a razão - tal como a ética! E o mundo não sobrevive na lassidão, na dissolução e na complacência. Daí se diz que por onde passa o cientista, passou antes o poeta. No fecho de abóbada convergem o Eros e o Thanatos - E já houve tempo em que a moeda tinha lastro e valia pela reserva em ouro depositada.