RESCALDO...
Pela noite dentro
Quando o mundo se recolhe
E o silêncio requer papel activo
Eu me liberto das albardas
Obrigatórias na sociedade dita civilizada
E fico nu….
Deitado no chão
Olhos no infinito
Atenção total às movimentações
Aos confrontos estrelares
À luminosidade
Como se por cima de mim
Se erguesse uma aldeia sem tamanho
É a hora do rescaldo
Como é bela a madrugada!....
Como ela nos domina
Como ela nos ensina
Que as agruras do dia são passado
Amanhã será outro dia
Sei…
Voltarei aos contornos da realidade
Encharcar-me-ei da odiosa poeira que me contrai
Mas também sei que a noite voltará
Que me abraçará como irmã de ideais
Que me emprestará os dons da madrugada
Por algumas horas…
Aquelas em que nu
Olhando o céu
Segredo às estrelas o meu rescaldo.