RESCALDO...

Pela noite dentro

Quando o mundo se recolhe

E o silêncio requer papel activo

Eu me liberto das albardas

Obrigatórias na sociedade dita civilizada

E fico nu….

Deitado no chão

Olhos no infinito

Atenção total às movimentações

Aos confrontos estrelares

À luminosidade

Como se por cima de mim

Se erguesse uma aldeia sem tamanho

É a hora do rescaldo

Como é bela a madrugada!....

Como ela nos domina

Como ela nos ensina

Que as agruras do dia são passado

Amanhã será outro dia

Sei…

Voltarei aos contornos da realidade

Encharcar-me-ei da odiosa poeira que me contrai

Mas também sei que a noite voltará

Que me abraçará como irmã de ideais

Que me emprestará os dons da madrugada

Por algumas horas…

Aquelas em que nu

Olhando o céu

Segredo às estrelas o meu rescaldo.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 09/07/2011
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