Chuva de palavras

As gotas de chuva lá fora preenchem espaços como partes de pensamentos que se derramam criando eternas associações.

Um quebra cabeça onde as peças se emaranham, se ocultam. Se fazem inacessíveis, escorregam nos rios do juízo, rápidas.

As palavras, símbolos imperfeitos para as emoções, começam a se juntar em oposição ao meu desejo.

Brincam entre si, rindo da minha insuficiência de análise das coisas.

Tudo é tão completo de mágica. Tudo tem se tornado tão perfeito e divinal.

Palavras-gotas, molhando minhas mãos e eu sem poder compreender.

Palavras que se juntam. Palavras surgindo de uma proporção ignorada.

De repente apercebo-me de que sou eu quem lhes dará forma e significação.

Como na vida, depende de mim escolher: riso ou dor, exatidões ou enganos.

Posso ficar na superfície das águas ou ir para as profundezas pretas e melancólicas.

Na imaginação poderei voar e criar o que bem desejar.

Pela janela, enxergo que a chuva cessou. Sua tarefa foi executada!

A folha em branco à minha frente não mais me amedronta.

Neste instante, entendo tudo.

Possuo em mim todas as palavras.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 18/07/2011
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T3102343
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