O vácuo de um mundo sólido

* Momentos retalhados em risadas que, se eu permitir, ecoam a noite toda e tremem o mundo. Mas nunca mais consegui descansar a mente por uma noite inteira...

* Agora a ativei, ela é ligeira, atenta, não me deixa esquecer que o trânsito violento é inexplicável e a fome o grande mal, que a saúde precária é tratável e a educação fundamental. Ando a pé, o corpo se sustenta, não como mal e com sacrifício meus estudos são pagos. Ainda assim, ao meu redor muitos falecem por uma gripe ou endoidecem com as letras confusas que não conseguem ler. São mortes, são vidas, viram o nada, são trajetórias apagadas...

* Momentos remendados em lágrimas que, se eu permitir, escorrem a noite toda e abalam o mundo. Mas as mentiras e inconsistências me secam os olhos. Pedir licença e ir embora sem avisos não é opção ou solução, é egoísmo. Ficar, se dedicar e gritar a plenos pulmões sem propostas novas não é admiração ou revolução, é burrice. É ser ignorado por olhos apressados, vazios, raivosos.

* Momentos costurados em desespero nesse mundo volúvel, que se abala e se reforma conforme as brisas. A mente delibera, deixo-a livre para buscar alternativas, derrapa em teorias, se apega a tolices... Mas persiste em não me deixar rir ou chorar, partir ou ficar.

* Pensamentos consistentes. Tão firmes quanto este mundo de concreto; mundo sólido que não se altera com as vidas e as mortes, infiel em suas histórias, dia após dia apagando trajetórias.

Priscila Silvério
Enviado por Priscila Silvério em 18/07/2011
Reeditado em 23/09/2011
Código do texto: T3103365
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