AGITAÇÃO...
AGITAÇÃO…
Quero que a calma… a serenidade
Sejam os meus superiores hierárquicos
Não quero mais ninguém a dar-me ordens
Quero que o movimento dos meus braços
A gesticulação das minhas mãos
A medição do alcance dos meus passos
Os alvos que persigo com os meus olhos
As paredes onde encosto o meu peito
Façam parte do motor selectivo
Ordenado na minha mente
Quero em mim uma agitação desajeitada
Que me direccione para o éter da consciência
Que me deixe encostar a cabeça sobre a mesa
Quando me apetece
Que me permita estender as pernas sobre a cadeira vizinha
Quando assim me der vontade
Que me abra a boca num grito lancinante
Quando a minha alma estiver perto da asfixia
Que transforme a minha face num rio
Quando as lágrimas quiserem sair do cárcere
Ou num mar quando o caudal me alagar o corpo
Agitem-me com calma e serenidade
Mas não me afoguem com ordens.