BAILANDO SOBRE ABISMOS

"Viver é bailar sobre abismos" Goethe

Viver é permitir-se, não importando se será para o sim ou para o não.

"Sim, aceito me casar com você". "Não, não quero mais me relacionar com você". Isso sim é permitir-se, é deixar que as vontades tomem conta. É dar um pé na bunda da razão e fazer da vida o que bem entender. Não importa se a vontade é casar-se ou separar-se. O que importa é que o indivíduo permita-se escolher entre um ou outro. Entre o sim e o não. Entre o querer e o não querer.

Cada um é responsável por seus atos. Ninguém faz nada obrigado e, dessa forma, não poderá descarregar a culpa de algo em outrem. Sequer existem pessoas certas e erradas. O que existe são visões: a sua e a dele. A minha e a dela. E nada mais (ou menos) além disso.

Pode até parecer uma visão egoísta, mas só o parecerá perante os olhos dos hipócritas. Aqueles que pensam que o mundo gira ao redor do umbigo deles. Aqueles que pensam, acima de tudo, somente em suas vontades e que não são capazes de admitir isso. E ainda acham-se no direito de julgar essa ou aquela pessoa, pelo simples fato de que os seus desejos não foram atendidos (por essa ou aquela pessoa). Não percebem que para somar os fatores precisam ser positivos. Os dois. Caso contrário, como na matemática, um sendo positivo e o outro negativo, a soma só poderá ser negativa (mais com menos, dá menos). E com isso qualquer tentativa de estreitamento entre os fatores será pura perda de tempo. Ninguém é capaz de querer pelo outro. Ninguém é capaz de ser positivo pelo negativo.

E assim os fatores vão vivendo. Levando duas vidas, tendo em vista de que nada acontece nessa vida por acaso, e levando em consideração que "viver é bailar sobre abismos".

São Paulo, 08 de Dezembro de 2006. Dia mundial da inspiração.