Como seres humanos somos responsáveis pelo alcance final de nossas ações e palavras



Como seres humanos somos responsáveis pelo alcance final de nossas ações e palavras. Deveríamos sempre estar comprometidos com o resultado e o alcance do que fazemos. Nossas palavras e atitudes sempre implicam em reflexos externos, e muitas vezes este reflexo ocorre longe de nós ou afeta aqueles que sequer conhecemos. Isto facilita nossa falaciosa interpretação da realidade como sendo, ela, imune a grandes impactos cuja origem sejamos nós. Para que isto não seja uma verdade é vital que valoremos o relacionamento humano, como sendo a unidade referencial para o alcance da dignificação de nossa sociedade.
Devemos buscar que a integridade dos relacionamentos múltiplos, diretos ou indiretos, que nos colocam como parte ativa, interessada e viva da sociedade, não possa ser afetada por deslizes pessoais ou mesmo coletivos, em que nós sejamos os responsáveis. O bem de nossa relação social deve ser, desde que de forma ética, a baliza de nosso comportamento dentro de nossa existência social e humana.
 
Direta ou indiretamente somos no mínimo corresponsáveis pela sociedade que ajudamos a construir e manter. A sociedade é em última instância o que cada um individualmente quer ou aceita como verdade política e social.
 
O que mais me magoa é que muitos de nós acreditamos sinceramente não termos responsabilidade nenhuma pelo estado de frieza, segregação e abandono em que a sociedade humana está mergulhada.
 
A luz é que como humanos, podemos racionalmente digerir este estado de coisas e envoltos em revolta humana podemos empenhar nossos esforços na luta contínua pela dignificação de nossos irmãos menos favorecidos pela sorte.
Somos capazes de reagir a este estado de abandono e segregação, tanto de forma política, como de forma econômica, e sempre de forma social. Enquanto entendermos que somos merecedores do que conseguimos, por ter deus nos dado esta oportunidade, relegamos aos abandonados e excluídos a pictórica imagem de que os que sofrem, devem sua fraqueza única e exclusivamente ao não esforço pessoal. É verdade que existem os que nada fazem de esforço pessoal para crescer, a estes o tratamento legal, mas a própria máquina e a perversão da dignidade humana é por si só um entrave colossal a inclusão social por vontade própria.
Eles não estão necessariamente perdidos por que não se esforçaram, ou porque não creram o bastante, ou porque estejam pagando por experiências passadas, ou mesmo porque algo de melhor os espera no futuro. Eles sofrem, no geral, porque a sociedade é seletiva, “segregadora”, competitiva em excesso e as oportunidades são diabolicamente desiguais, e os que detêm o poder, em todos os níveis, se comprazem ou se locupletam com esta situação, e nós nada fazemos para alterar ou reconstruir nossa sociedade. No nível econômico adoramos o liberalismo econômico, ao nível político adoramos a democracia do poder, ao nível social adoramos as castas que nos dividem, principalmente porque estamos nas castas sociais mais elevadas.
 
Mas ainda acredito que por sermos humanos, haverá de chegar o momento em que a revolta natural nos tomará de energia e transformaremos nossa sociedade.
 
 
 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 04/08/2011
Código do texto: T3140046
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