Amanhã será o grande dia.... (desabafo...)

Meia noite. Meus olhos não conseguirão se fechar tão facilmente assim. Meus ombros doem faz uma semana ininterrupta. Não sei se é pela tensão, ansiedade, olho gordo, ou se são os travesseiros ruins da minha casa (já testei uns dez e na ultima noite passada roubei o do meu sobrinho que aqui dormia).

O fato é que realizar um sonho é mais complicado do que se parece. Nas novelas, contos, filmes, quando isso acontece é motivo para alegria e só. A realidade não é bem assim.

Bem, explicando... Tentando...

Sempre fiz teatro. E fazer teatro no Brasil certamente não é algo fácil... Temos que lidar com comentários todos os dias do tipo: ainda te vejo na globo, você ainda estará no plin plin, quando você vai para a TV? Como se só existisse esse ramo da profissão, como se eu só fosse feliz quando fosse global.

Nada contra, se aparecer uma oportunidade de teste é claro que vou fazer, mas a profissão é muito mais que isso. Exige estudo, dedicação, o teatro e o cinema também são artes lindas e complexas... Enfim.

Agora... Amanhã, estarei apresentando um espetáculo teatral em minha cidade natal. Adaptei o texto, pensei em cada concepção, em cada signo teatral, em cada coreografia, em cada detalhe do cenário e figurinos... Mais, fiz toda a produção e tudo o que envolve uma produção – bem feita! Fiz a arte do cartaz, procurei patrocínios, consegui uma entrevista na Tv (uma não, duas) e em rádios, e também uma matéria sobre a peça na EPTV. E vendi muitos convites antecipadamente!

E... Amanhã será o grande dia! O evento muito bem divulgado. As pessoas finalmente valorizando o fazer teatral, a cultura! Sei que a peça é muito boa, sei do meu potencial (eu estudei muito para isso, desde 1993 fazendo teatro...). Mas...

Mas...

Mas...

Estar na terra natal envolve muito mais que só fazer meu trabalho. É o momento que tenho de provar para muitos que o TEATRO É LINDO, que eu tenho capacidade, que é isso que eu quero fazer, que é possível viver de teatro, que o teatro faz bem a quem faz e a quem assiste. É o momento de estar cara-a-cara com minha família, e a ansiedade e o anseio de dar orgulho a eles. E o medo...

Ai meu DEUS! É muito mais fácil sabia estar no palco para quinhentas pessoas desconhecidas que para dez conhecidas. É o momento. Por muito tempo quis isso, desejei, almejei.

E também tem o fato de que eu fiz uma faculdade de teatro, odiei por motivos vários (mas nenhum deles relacionado ao teatro, e sim às pessoas, professores, politicagem, etc.). E larguei a faculdade (no terceiro ano). Ou seja, estar produzindo essa peça que é totalmente minha, é um grito de vitória para mim mesma. É a confirmação de que segui meu coração largando da faculdade que não abria portas nenhuma para o mercado de trabalho e fiz certo, pois AFINAL estou no mercado de trabalho e o MELHOR: com minhas próprias mãos, com meu próprio esforço, dedicação. Fazendo a arte que eu quero fazer, sem palavras de baixo calão, sem pornografia, sem assuntos depressivos ou escatológicos (pois eram somente esses temas que pregavam ser o certo na faculdade).

Por isso... Por tudo isso e mais um pouco... Agora... Meia noite e pouco, estou eu aqui. Com os olhos abertos, ombros doloridos (já tomei trinta gostas de paracetamol, mas juro, não adiantou) e... Esperando o sono vir, com medo, ansiedade, felicidade, medo, felicidade, ansiedade e... Medo...

Que venha amanhã... Que corra tudo bem... Amém.

(talvez eu exclua esse texto... pessoal demais... talvez!!!)

Thaís Falleiros
Enviado por Thaís Falleiros em 06/08/2011
Código do texto: T3142288
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.